Esta música descreve as ações de um soldado que lutou na
batalha de Paschendale, também conhecida como “A Terceira Batalha de Ypres”,
uma das maiores da Primeira Guerra Mundial. Neste conflito, contra o exército
alemão lutaram os exércitos canadense e britânico, além do ANZAC, grupo de
tropas da Austrália a Nova Zelândia.
O conflito se deu pelo controle da vila de Paschendale
(conhecida como Passchendaele naquele tempo), perto da cidade de Ypres, na
província de Flandres, Bélgica. O controle da região romperia a linha de defesa
alemã, abrindo caminho à costa belga, onde estavam instaladas bases de
submarinos alemães.
O solo nos arredores de Paschendale era composto por
pântanos, encharcados durante todo o ano, independentemente do clima. O ataque
aéreo lançado pelos bombardeiros ingleses com a finalidade de destruir as
barricadas e metralhadoras alemãs danificou ainda mais o terreno, e em conjunto
com as chuvas de agosto formaram grandes “lagos” de lama líquida, onde muitos
tanques afundaram e muitos soldados se afogaram.
Em seis de novembro de 1917, após três meses de luta, o
exército canadense finalmente tomou Paschendale, encerrando o conflito. E é
neste ponto que se encontra o soldado ao início da música, ferido mortalmente
no campo de batalha.
A melodia divide-se em três momentos principais:
- a “calmaria” dentro da batalha, quando o soldado está
entrincheirado ou escondido, esperando para entrar em ação (correr para uma
outra trincheira ou atacar um ponto estratégico, por exemplo), caracterizado
por uma seqüência de riffs pesados, embora lentos (primeiro momento);
- a ação em si, onde a velocidade da música aumenta e o tom
vocal torna-se mais agressivo (segundo momento);
- o momento em que o soldado se lembra de sua casa, seu lar,
quando a música assume um ritmo mais cadenciado (a característica “cavalgada”)
durante o refrão (terceiro momento).
Observação: durante a tour “Death On The Road”, antes desta
música ser executada, era apresentada uma introdução em que Bruce Dickinson
recitava o seguinte trecho do poema “Anthem For Doomed Youth”, de Wilfred Owen
(1893-1918):
“What
passing-bells for these who die as cattle?
Only the
monstrous anger of the guns
Only the
stuttering rifles’ rapid rattle
Can patter
out their hasty orisons.
No
mockeries now for them; no prayers nor bells;
Nor any
voice of mourning save the choirs,
The shrill,
demented choirs of wailing shells”
Caído no campo de batalha, em seu leito de morte, o soldado
começa a lembrar o que se passou:
In a
foreign field he lays,
Lonely
soldier, unknown grave
On his
dying words he prays
Tell the world of Paschendale
Fortes acordes são tocados, como se flashes da batalha
passassem pela mente do soldado. As primeiras e calmas notas são tocadas
novamente em seguida:
Relive all
that he’s been through
Last
communion of his soul
Rust your
bullets with his tears
Let me tell
you ’bout his years
Após a repetição dos fortes acordes a música engrena, e
riffs pesados, porém lentos, são tocados (primeiro momento) enquanto o soldado
passa a descrever em flashback a situação em que se encontrava:
Laying low
in a blood filled trench
Killing
time ’til my very own death
On my face
I can feel the falling rain
Never see
my friends again
In the
smoke in the mud and lead
Smell the
fear and the feeling of dread
Soon be
time to go over the wall
Rapid fire
and the end of us all
Agachado em uma trincheira, com sangue e lama por todos os
lados. A chuva cai, e o cheiro de chumbo e de morte está por toda parte. Ele
aguarda o momento certo para a ofensiva, e sabe que em breve irá se expor,
arriscar a vida, em busca do objetivo. Nada mais lhe resta além de aceitar o
fato de que já está morto. A música parte para o segundo momento, descrito
anteriormente:
Whistles, shouts and more gun fire
Lifeless
bodies hang on barbed wire
Battlefield
nothing but a bloody tomb
Be reunited
with my dead friends soon
Many
soldiers eighteen years
Drown in
mud no more tears
Surely a
war no one can win
Killing time about to begin
A letra fala de “apitos, gritos e mais tiros”, o que
caracteriza o comando para que os soldados entrem em ação, ou seja, a indicação
de um superior, aos gritos e sopros de apitos, e o chamado covering fire, ou
seja, os tiros de “cobertura” disparados pelos que ficaram na trincheira.
O soldado se depara com os companheiros que não conseguiram
passar com vida por este trecho do campo de batalha (a chamada “No Man’s Land”,
ou “Terra de Ninguém”). Há corpos pendurados nas cercas de arame farpado, além
de soldados afogados na lama. Sua esperança se vai, e ele entende que em uma
guerra não há vencedores. Pensa em sua casa, e em como queria ter outra chance
de viver. Vem o refrão
(terceiro momento):
Home, far
away
From the
war, a chance to live again
Home, far
away
But the
war, no chance to live again
Uma ponte para a estrofe seguinte, constatando o grande
número de mortes da batalha:
The bodies
of ours and our foes
The sea of
death it overflows
In no man’s
land god only knows
Into jaws
of death we go
O segundo momento é executado novamente, demonstrando o
desespero do soldado ao desejar que ninguém mais morra:
Crucified
as if on a cross
Allied
troops they mourn their loss
German war
propaganda machine
Such before
has never been seen
Swear I
heard the angels cry
Pray to god
no more may die
So that
people know the truth
Tell the tale of Paschendale
É mostrado o lado religioso do ser humano, uma vez que o
soldado pensa ter ouvido anjos chorarem e reza para que não haja mais mortes. A
história existe para que os erros do passado não sejam repetidos pelas futuras
gerações, e é isto que ele pensa agora, desejando também que todos conheçam e
contem a história de Paschendale.
Após um interlúdio, a melodia retorna ao primeiro momento. A
letra fala da crueldade humana, não satisfeita com o sofrimento e o terror dos
combatentes inimigos. Cada homem cumpre seu papel na cruel realidade da guerra:
Cruelty has
a human heart
Every man
does play his part
Terror of
the men we kill
The human
heart is hungry still
I stand my
ground for the very last time
Gun is
ready as I stand in line
Nervous
wait for the whistle to blow
Rush of
blood and over we go
Entra o solo de Dave Murray, e em seguida o de Adrian Smith.
O soldado se posiciona, mantém seu posto pela última vez. Descreve a sensação
de estar alinhado com os companheiros, com a arma na mão, nervoso, à espera de
um comando de seu superior para atacar. O sangue jorra como a chuva, e nem o
som dos disparos das armas é alto o suficiente para encobrir a vergonha que os
combatentes sentem.
Blood is
falling like the rain
It’s
crimson cloak unveils again
The sound
of guns can’t hide their shame
And so we
die on Paschendale
Entra o solo de Janick Gers. O comando é dado, e eles partem
para seu último ataque (segundo momento da melodia):
Dodging
shrapnel and barbed wire
Running
straight at the cannon fire
Running
blind as I hold my breath
Say a
prayer symphony of death
As we
charge the enemy lines
A burst of
fire and we go down
I choke a
cry but no one hears
Fell the
blood go down my throat
O soldado descreve um ataque praticamente suicida: eles
avançam contra as linhas inimigas, correndo e segurando a respiração, desviando
de cercas de arame farpado de encontro ao fogo adversário. Um disparo do
canhão, e todos caem. O lamento sufocado do soldado não pode ser ouvido por
ninguém, enquanto este sente o sangue descendo pela garganta. Ele pensa em sua
casa, distante, enquanto percebe sua vida se esvair:
Home, far
away
From the
war, a chance to live again
Home, far
away
But the
war, no chance to live again
De volta ao cenário inicial, o soldado caído no campo de
batalha finalmente dá seu último suspiro. Seu espírito e o de seus companheiros
se vão com o vento, sem importar-se com as linhas inimigas. Inimigos e aliados
se encontrarão novamente na outra vida.
See my spirit on the wind
Across the
lines beyond the hill
Friend and
foe will meet again
Those who died at Paschendale
Cerca de 250 mil homens dos exércitos aliados morreram na
Batalha de Paschendale, e houve praticamente o mesmo número de baixas do lado
alemão.
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