Este filme é de fuder demais, já vi umas três vezes, Clint está num ótimo papel, e claro, o filme é muito bom mesmo, aí vai uma resenha que baixei num site, vale a pena assistir.
"Um cachorro, ao se sentir incomodado, rosna. Não se
trata de atacar algo ou alguém, mas demonstrar o seu descontentamento perante
algo e, de certa forma, alertar quem está por perto do perigo que corre. Walt
Kowalski, personagem de Clint Eastwood em Gran Torino, é assim. Seu rosnado não é só uma marca registrada, deliciosamente
usada no decorrer do filme, mas uma mostra do quanto o mundo à sua volta o
incomoda. De parentes a vizinhos, são poucos os que escapam de sua fúria
irascível. Seu modo de ser e a vivência o transformaram em alguém
preconceituoso e materialista, que afugenta os demais pela sua própria postura.
Walt é solitário por opção, vítima e algoz de sua própria intolerância.
À primeira vista um
personagem do tipo pode ser considerado recorrente na carreira de Clint Eastwood. Um tipo durão, estilo Dirty Harry ou o protagonista da trilogia que
fez com o diretor Sergio Leone, só que com mais idade. Ele é isto, mas não apenas isto. A beleza de Gran Torino está justamente na subversão do clichê que apresenta de início. A
arrogância de Walt passa a ser encarada sob outro enfoque quando ele toma uma
atitude absolutamente normal para alguém com seus princípios morais, ao
enfrentar uma gangue. Seu espanto não é propriamente pela consequência de seu ato,
mas por ter gerado alguma consequência. Afinal de contas, sob sua ótica, não
fizera nada de mais, nada além de sua obrigação como ser humano. E neste ponto
entra uma importante questão, válida especialmente nos dias atuais: o que você
faz é tão especial assim ou apenas ganha esta importância pelo fato de que
ninguém mais faz? Independente da resposta, fato é que Walt passa a ser
endeusado pela comunidade, o que não lhe agrada nem um pouco.
O personagem carrancudo
torna-se agora prisioneiro de seu ato, sendo obrigado a lidar com situações às
quais sempre buscou se afastar. Seu rosnado não mais afugenta, pelo contrário,
é visto como traço de personalidade. Forçado a conviver com o oposto, pouco a
pouco aprende a respeitá-lo. Aquele personagem durão de início não amolece, mas
passa a se importar com aqueles os quais antes desprezava. Uma mudança de
postura que traz à tona outro tema fundamental: a tolerância. Numa época em que
o diferente é rejeitado de imediato, Gran Torino mostra que é possível mudar quando se tenta, nem que seja por
obrigação.

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